sábado, julho 08, 2006

Excerto de autobiografia

Todo Homem busca ser lembrado por séculos. Todo nome procura ser o último grão de areia que passa pelo furinho da ampulheta. Aquele que sobrevive até o fim dos tempos. Bizet, Sófocles, Orwell, Napoleão, Kafka, Maquiavel, Einstein, Galileu, Sócrates: a história é um daqueles livrões do tipo “Who is who”.

Muitos são lembrados por grandes feitos. Outros, por grandes erros. Há os talentosos, os corajosos, os bíblicos, os autoritários, os guerreiros, os cientistas, os presidentes, os fracassados, os fictícios. Já existiu um tal de Oscar que é lembrado porque virou estátua. Uma Maria que virou drink. Houve até um Isaac Singer que virou máquina de costura.

Mas eu, amigos, superei a todos. Todos me conhecem e jamais me esquecerão. Sou Júlio César. E virei salada. Alface, croutons, suco de limão, azeite, parmesão, ovos, pimenta e molho Worcestershire. Sem anchovas, é bom deixar claro. Tornei-me incomparável, adorado mundialmente.

Tentaram! Sim, tentaram ser mais famosos do que eu. Chateaubriand, por exemplo, virou um corte especial de filé mignon. Bem valorizado até. Vende no Zona Sul. Mas esse não oferece muito perigo à minha altivez. Até nos damos bem: eu como entrada e ele como prato principal. Diga-se de passagem, cai muito bem com molho de queijo.

Só há neste mundo um único homem que foi capaz de me subjugar: Conde de Sandwich, um jogador inveterado que entrou para história porque não queria largar o baralho nem para comer.

 

4 Comments:

Blogger Bernardo Tonasse said...

Agora só falta o lesado do Crassus!

00:23  
Blogger Anna said...

Excelente salada.

Ei. Essa história de trio tem uma bela vantagem: público cativo. É bom termos uns aos outros, companheiros.

18:34  
Anonymous Anônimo said...

ei! mas o públco ode vocês não se restringe aos próprios autores!
olha eu aqui!

19:57  
Blogger Mari said...

E eu!!
Espero Crassus agora.

23:21  

Postar um comentário

<< Home