sábado, julho 29, 2006

Não morreu não

Calma, isso aqui não morreu. É que o Crasso é um lesado e tem um monte de posts escritos à mão (e ainda não digitados) e o César mora num inferno onde vive faltando luz e cortando o barato dele no meio da escrita. Quanto a mim, sou o mala que fica falando sozinho.

sexta-feira, julho 28, 2006

A morte da formiga

De uma forma geral, sou uma pessoa pacífica, dessas que condena a e por princípio qualquer tipo de violência. Mas é importante fazer uma ressalva: isso só se aplica a períodos em que minha ira dorme. Se ela estiver acordada, posso ser cruel até a última consequência, como vou ilustrar com uma historinha que se passou hoje.

Há dias, andava louca para comer morangos. (Bastante incentivada, é verdade, pelas inúmeras promoções da fruta mais linda da época. Eu como morango pela cor.) Mas, atropelada pela correria das semanas, fui deixando pra ouro dia, outro, outro, outro, outro. Até que hoje, finalmente, resolvi comprar uma caixinha.

Cheguei em casa toda feliz, depois de uma aula cansativa, cortei os morangos em pedaços e comecei a derramar, com muita paciência, o leite condensado endurecido que restava na geladeira quando... Mal creio no que meus olhos detectam: num cantinho do prato, maculando a sacralidade da minha sobremesa-janta, uma daquelas malditas formigonas vermelhas que estão por toda parte. Bebendo do meu leite condensado.

Não consigo me lembrar de acinte maior na História das relações homem-formiga. Aquele minúsculo ser asqueroso conseguiu despertar o delicioso pecado que mantenho, a muito custo, sob controle dentro de mim. Ira. Sem dúvida, o meu favorito.

Tive a frieza de deixá-la a sós com o meu lindo prato e ir até o quarto buscar o objeto de tortura. Uma pinça, com a qual a capturei e joguei em uma das bocas acesas do fogão, onde agora jaz seu incinerado exoesqueleto. E ainda gritei para as outras, que sempre estão por aí, observando a movimentação na minha cozinha: "Que sirva como exemplo.".

Mas essas criaturas são vingativas, e nada me convence que não estejam planejando me pegar de jeito. Já seis minutos depois da atrevida ter virado churrasco, encontrei uma delas dentro da calça do meu pijama, circulando por regiões perigosas. E agora, qualquer movimento suspeito sobre a pele já creio ser um contra-ataque.

Penso se valeu a pena ter cometido tamanha brutalidade. Estou agora refém da minha própria violência.

Antes tivesse feito o de praxe: esmagado com o pé ou jogado no ralo e aberto a torneira. Mas não; quis inovar, inspirada pelos soldados do tráfico. Taí. Posso dormir, e acordar em uma fogueira, no QG da organização a que a morta pertencia. (As mortas, aliás. Depois dessa, já matei mais seis.)

Talvez eu seja obrigada, para salvar minha própria pele, a eliminar todas as outras; uma execução que pode levar anos. E dizimar formigueiros inteiros. Pais, filhos, e até ovos. Uma formificina histórica.

Mas é o que eu disse, sou até uma pessoa bem pacífica. Estava quieta na minha. Ninguém mandou que estragassem a minha alegria de comer morangos com leite condensado.

segunda-feira, julho 17, 2006

Porra, orkut!

"Sorte de hoje:
Você terá uma velhice confortável com riqueza material".

Sorte de hoje ou de amanhã, cacete?

sábado, julho 15, 2006

Eu tenho ouvidos. E você?

Duas das melhores frases que ouvi ultimamente:

Uma amiga, justificando por que daria para o Chico Buarque: "Imagina o que eu ia ouvir antes, durante e depois!".

Um amigo, sobre a participação brasileira na copa: "Nosso quadrado mágico virou cubo mágico.".

É por essas e outras que a gente dá graças a Deus por ter nascido com ouvidos.

E vocês, colegas inúteis de blog? O que houve? Roubaram as suas bicicletas? Comeram repolho e vomitaram batata? Ou será que os marcianos estão chegando?

quarta-feira, julho 12, 2006

Assanhamento

Saiu no Globo Online hoje: Manchester United diz que Cristiano Ronaldo não está à venda.

A notícia causou comoção por aqui. Muita gente queria comprar-lhe o passe, apesar do esquisitíssimo pescoço do craque português.

Calma, mulherada. Ouvi dizer que o Bayern de Munique está negociando o nosso Lúcio.

Prisão de texto

Saiu para dar uma volta. E começou a olhar para as coisas que normalmente não reparava. Não, não tinha a morte marcada e por isso decidira valorizar os detalhes da vida. Não era uma pessoa sensível. Não a ponto de sair para se despedir da vida se atendo a seus detalhes. O que o fizera sair pela rua olhando pedras e sapatos? Tinha quer mostrar serviço. Não qualquer serviço. Ele tinha que escrever.

Sentar, respirar, pensar duas ou três vezes até ter a deixa, respirar de novo e começar a bater. É o tipo de tarefa que ele só cumpre com violência. Mais ainda sob pressão. Então ele bate uma, duas, três vezes. Quase com desespero. Cumpria o dever assombrado pelo perfeito. O perfeito de que o outro era capaz. Não ele.

Por isso a tensão. Uma letra depois da outra. Só pra cumprir o ofício. Vamos lá - incentivava a si mesmo - dois dedos de frases! Não saía de jeito nenhum.

Meteu a chave na porta e o pé na rua. Os olhos arregalados, quase implorando para que o mundo lhe atirasse no colo algo que viesse já em formato de texto. Alguma daquelas coisas que caem na nossa frente fazendo o exato barulho das teclas sendo agredidas pelos dedos. Coisas que nascem escritas. Raríssimas.

Não aconteceu. A não ser por sacolas de compras, voltou para casa vazio. Jogou-se no sofá com uma dor horrível: escrito entalado. Pior que prisão de ventre.

terça-feira, julho 11, 2006

E as tensões aumentam

Pompeu tenta agendar a vistoria 2006 para a sua querida biga branca. Não consegue. Descobre que há multas pendentes. Excesso de velocidade. E não é no Circus Maximus. Dessa vez é para a direita que ele inclina seus perspicazes olhos. Bufa, entre dentes: "Césarrr...".

Intrigas na cúpula romana

Pompeu tem tido algumas tardes à tôa. Nunca virou nome de salada, e por isso inveja César. Quer aparecer também em algum compêndio de História. Resolve ser um grão-mestre enxadrista, e assinar seu nome ao lado de Kasparov e outros russos cabeçudos. César lhe empresta uns cds maneiros e Pompeu começa a preencher suas escassas tardes-à-tôa com partidas virtuais do esporte. Apanha. Apanha muito. O computador parece roubar. Perde para um tal de Andy umas 5 vezes seguidas. Tenta um adversário mais fraco. Toma de novo. Prestes a jogar o monitor no chão, uma luz acende sobre o seu corpo togado. Pompeu saca tudo. Inclina os perspicazes olhos para a esquerda e deixa escapar: "César..."

sábado, julho 08, 2006

Excerto de autobiografia

Todo Homem busca ser lembrado por séculos. Todo nome procura ser o último grão de areia que passa pelo furinho da ampulheta. Aquele que sobrevive até o fim dos tempos. Bizet, Sófocles, Orwell, Napoleão, Kafka, Maquiavel, Einstein, Galileu, Sócrates: a história é um daqueles livrões do tipo “Who is who”.

Muitos são lembrados por grandes feitos. Outros, por grandes erros. Há os talentosos, os corajosos, os bíblicos, os autoritários, os guerreiros, os cientistas, os presidentes, os fracassados, os fictícios. Já existiu um tal de Oscar que é lembrado porque virou estátua. Uma Maria que virou drink. Houve até um Isaac Singer que virou máquina de costura.

Mas eu, amigos, superei a todos. Todos me conhecem e jamais me esquecerão. Sou Júlio César. E virei salada. Alface, croutons, suco de limão, azeite, parmesão, ovos, pimenta e molho Worcestershire. Sem anchovas, é bom deixar claro. Tornei-me incomparável, adorado mundialmente.

Tentaram! Sim, tentaram ser mais famosos do que eu. Chateaubriand, por exemplo, virou um corte especial de filé mignon. Bem valorizado até. Vende no Zona Sul. Mas esse não oferece muito perigo à minha altivez. Até nos damos bem: eu como entrada e ele como prato principal. Diga-se de passagem, cai muito bem com molho de queijo.

Só há neste mundo um único homem que foi capaz de me subjugar: Conde de Sandwich, um jogador inveterado que entrou para história porque não queria largar o baralho nem para comer.

 

quarta-feira, julho 05, 2006

Aux armes, citoyens!

Onde estarão Crasso e César? - Roma inteira se pergunta.

segunda-feira, julho 03, 2006

No início não havia nada

Como todo pai que tem uma filmadora e registra os momentos que antecedem o nascimento do pimpolho, eis os últimos mágicos momentos em que o Triunvirato ainda não existia. Isso não é um vídeo, e sim uma conversa de MSN. Não adianta procurar o play.

"
- Aham
- ?
- Um som aleatório pra te acordar.
- Tô acordado; ouvindo INXS.
- INXS? Eu estou elitista ultimamente. Hoje estava ouvindo Grieg.
- Eu também, mas não só de clássicos vive o Homem.
- Pois é. Nem só de pão de queijo.
- ?
- Pão de queijo.
- E o que que o cu tem a ver com as calças?
- Por acaso o homem vive só de pão de queijo?
- Não, Bernardo, mas... Deixa pra lá.
- Ora bolas, não entendi você agora.

(...)

- Cara, você quer ser Pompeu, Crassus ou Júlio César no blog?
- Se importa se eu ficar com Júlio César? Na verdade, só não quero Pompeu porque é nome de velho gordo que usa colete.
- Então eu fico com Pompeu. Porque duvido que a Anna queira ser o velho gordo com colete. Não me importo; gosto de nonsense.
- Mas será que ela vai querer ser um Marcos Licínio? Deixa que ela escolha; o que sobrar fica pra mim.
- Esse era o nome do Crassus?
- Era. Marcus Licinius Crassus.
- Bom, ela tem uma tia que se chama Licinha. Mas é apelido para "Alice".

(...)

- Me ajuda a escolher um endereço para substituir "Triunvirato" ou "Triunviratum"? Num deles tem um cara marcando território, e o outro é de uns espanhóis babacas.

(Linhas e linhas de leigas conjecturas sobre variações gramaticais latinas)

- Vamos pôr "triovirado"?
- Há, boa.
"

E assim foi dado o clique. Nasceu. Divirtam-se.